quinta-feira, 22 de abril de 2010

O Estado da Democracia (5)

O Estado da democracia foi o tema do debate promovido pela JSD de Leiria, na sexta-feira à noite, no teatro Miguel Franco, em Leiria. José Pacheco Pereira, deputado do PSD, afirmou que o “sistema democrático está condenado a envelhecer rapidamente”.

Segundo o político, “a vitória da história da democracia resulta da hegemonia militar, social, económica e cultural”. “A solidez de um regime democrático não é grande e pode ser rapidamente perdida no momento em que se torna frágil, como agora”, acrescentou.

Dirigindo-se aos jovens sociais-democratas, Pacheco Pereira garantiu que tem “aversão às políticas geracionais”. “O problema é que nos partidos a juventude dura muito tempo. Falamos de pessoas que são estudantes, não têm empregos, e as carreiras são feitas no interior do partido. São chefes de gabinete, assessores e a uma dada altura não há possibilidade de retorno e não há liberdade. Quem tem liberdade para dizer que não se não tem emprego e até com mordomias”, questionou.

“A nossa democracia não é assim tão jovem. Mesmo na ditadura manteve-se uma igualdade social e há sinais de uma resistência democrática”, adiantou o politólogo José Adelino Maltez, salientando que a “democracia de Abril padece de um grande problema: está velhinha”.

Realçando a importância do exercício da liberdade, José Adelino Maltez admitiu que, apesar de “implicar algum risco e ter chatices”, é preciso ter “a cultura do risco” e aí “talvez a sociedade comece a crescer”.

“Vivemos uma democracia plástica.” A frase é de Paula Teixeira da Cruz, advogada, que acrescentou que os “principais actores políticos não têm projectos sustentados para desenvolvimento cultural, social e económico. A jurista acusou ainda o Governo de legislar “ao sabor do caso concreto” e da “opinião pública e publicada”. “O sistema jurídico deve ter alguma coerência e quando se está a legislar caso concreto desafina.”

Para Paula Teixeira da Cruz, “tomou-se a democracia como uma coisa adquirida”, mas o que existe é “uma democracia formal e não material”. A advogada explicou que se pode votar, mas questionou “em quê e em quem”.

Já José Manuel Fernandes considerou que a democracia necessita que “haja liberdade, para que as pessoas participem na vida pública e escolham os seus representantes”, mas também que “os governos sejam limitados”. O ex-director do jornal Público constatou ainda que o “ponto de vista de cada um está muito limitado em Portugal” e “quem tentar ter uma opinião diferente é ostracizado e até maltratado”.

[fonte: Jornal de Leiria, 22 de Abril de 2010]

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