sexta-feira, 3 de julho de 2009

União Europeia: desafios & cidadania (1)

Isabel Meirelles, especialista em assuntos comunitários, questionou, sexta-feira, sobre o sentimento de ser europeu, durante o debate União Europeia: desafios & cidadania, organizado pela Secção de Leiria da Juventude Social Democrata (JSD), na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

“Seriam capazes de morrer pela Europa, como pela pátria? Será que nos sentimos europeus o suficiente para integrar um exército europeu?”, perguntou Isabel Meirelles, quando João Costa, presidente da JSD, lançou o tema de ser europeu ou português e da possibilidade de se criar um exército da União Europeia (UE).

Sobre o rumo que a Europa tem de levar, Isabel Meirelles lembrou que os interesses dos países membros são divergentes. “A língua não é a mesma, os sistemas financeiros não são idênticos, apesar da moeda única, os impostos não estão harmonizadas... Essas diferenças desunem-nos mais do que nos unem.”

Já Henrique Neto, ex-empresário, afirmou não ter dúvidas de que é um cidadão português e é com o País que se preocupa. “Estatísticas recentes apenas colocavam a Eslováquia atrás de Portugal. Isto é preocupante. Portugal não tem uma ideia para onde vai, não tem estratégia, nem uma visão.”

O ex-empresário defende que o País deve adoptar uma estratégia “euroatlântica”, tirando partido da costa e da ligação ao espaço marítimo do Atlântico.

O ex-ministro António Figueiredo Lopes referiu que a Europa já passou por uma crise idêntica e disse que “ninguém se interroga sobre o que faz falta e é eficaz à Europa”. Para o ex-governante, as potencialidades do projecto europeu tem de passar pela “solidariedade e interdependência como elementos motores”. Para isso, defende ser fundamental apelar à participação dos cidadãos. “O principal problema tem a ver com a indiferença dos cidadãos, que se traduziu na média da abstenção das últimas eleições europeias. Os partidos estão mais preocupados com as suas eleições, voltados para si próprios.”

REPENSAR A EUROPA

“A Europa está muito apática e precisa ser repensada e bem”, frisa Leonel Pontes. O empresário considera que é necessário unificar o sistema contabilístico e financeiro europeu. “Cada estado tem o seu. Mas ninguém discute isso, nem o documento que vai entrar em vigor a 1 de Janeiro de 2010 - o código do IRC -, que também vai ser reformulado. Estes assuntos têm de ser discutidos para que as pessoas vejam que da parte de quem governa há interesse.”

Leonel Pontes discorda da criação de uma taxa europeia, pois afirma que “todos os impostos são europeus” e “se os cidadãos tiverem de pagar mais um, vai divorciá-los ainda mais da Europa”. Para o empresário, “falta educação pública em Portugal” e só quando for conseguida é que se pode “pensar” na Europa. “Hoje um empregado pede para ser despedido. Isto é inadmissível. Não podemos aumentar os impostos quando há gente que não quer trabalhar. Temos de os ensinar a trabalhar e a cumprir horários.”

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